Não perca nossas receitas! Inscreva-se!
Neste fim de semana que passou, comemoramos com muita alegria e tranquilidade o aniversário da nossa caçula. Fizemos uma festa para as amigas dela no sábado, e outra para a família nuclear (primos, primas, tias, tios, avós e avôs) no domingo. Depois que as comemorações passaram, no domingo de noite, até estranhei a minha sensação de felicidade, paz, relaxamento, e comecei a pensar o quanto já me incomodei, me sobrecarreguei e me estressei por conta das comemorações de aniversário das minhas filhotas.
Quando iniciei minha vida de Mãe, os primeiros aniversários foram bem experimentais para mim. Nunca fui uma pessoa que comemorasse seu próprio aniversário. Para ser bem honesta, os poucos que resolvi comemorar, me custaram tanta energia que decidi que meus convidados teriam que caber nos dedos de duas mãos, no máximo. Então, não sendo uma pessoa festeira, demorei para entender qual era a melhor maneira de comemorar o aniversário das minhas filhas, respeitando também a minha essência. Inicialmente, acabei sofrendo muitas interferências… tanto que, quando olhava a festa pronta, não me via muito representada ali.
Eu ia nas festas das amigas das minhas filhas, na época em que eu ainda precisava também estar presente, e não conseguia me imaginar promovendo aquele tipo de comemoração. Estas experiências me ajudaram a saber o que eu não queria. Eu sabia que não queria fazer festa em buffets infantis. Que não queria ter que me maquiar, fazer o cabelo no salão de beleza e usar salto alto. Não achava interessante a ideia de lembrancinhas, independentemente do que fossem (e achava péssimo as que envolviam doces). Não entendia a necessidade de sempre haver cama elástica e um inflável. Não gostava de ver uma mesa só de mulheres e outra só de homens, e as crianças apartadas, com recreadores, numa atmosfera “me livrei das crianças e do meu parceiro/da minha parceira”. Não entendia porque sempre precisava ter um tema, e entendia menos ainda porque o tema sempre tinha relação com personagens de super heróis ou princesas, que eventualmente inclusive apareciam nas festas. Não gostava da ideia de ter “tias e tios” propondo atividades. Enfim, para mim, era muito claro o fato de terem transformado as festas infantis em uma sucessão de eventos padronizados, assim como eu percebia nas festas de 15 anos que participei (e nunca fiz), nas formaturas que participei (e nunca fiz) e nos casamentos que participei (e nunca fiz). Mas algo daquela “parafernália” toda acabava ficando dentro de mim… será que eu não deveria me esforçar mais como Mãe? Será que não estou simplificando muito? Eu tinha essas dúvidas, ainda que minha essência fosse simples, e acabava sucumbindo e complexificando as festas… não a ponto de chegar próximo do pacote socialmente construído que eu via quando era convidada, mas complexificava de uma maneira que não me trazia paz, nem antes, nem durante a festa, somente depois, quando a festa passava. Uma paz mais relacionada com o alívio de ter atingido uma meta do que uma paz por ter vivido e promovido algo especial.
Hoje posso dizer definitivamente que alcancei o lugar que sempre quis estar, um lugar que respeita o que acredito e não o que socialmente é exigido de nós, principalmente das Mães. E perceber que tudo o que eu fui construindo de ideias ao longo destes 12 anos comemorando os aniversários das minhas filhas, que são ideias de vida e não somente ideias para um aniversário, foram verbalmente expressados pela minha caçula, me fez perceber que todo este caminho que percorri foi também um aprendizado para ela.
“Mãe, quero duas festas este ano, porque reunir amigas e família me faz sentir que não estou dando atenção para um grupo. E quero festas pequenas, com pouca gente.”
“Mãe, pensei que o tema poderia ter relação com cores… eu amo os tons pastel.”
“Mãe, vamos nós mesmas fazer a decoração? A gente vai numa papelaria, compra alguns papéis bonitos e depois a gente corta para fazer a decoração.”
“Mãe, só quero convidar quem brinca comigo e que não “arranja treta”. Quero um aniversário tranquilo.”
“Mãe, pode deixar que faço o convite no Canvas e crio o grupo das Mães das minhas amigas no whatsapp. Vou mandar o convite e fazer uma enquete para ver quem vem.”
“Mãe, pensei num cardápio simples para o meu aniversário, mas só vou ver se minhas amigas também gostam do que eu gosto. Pensei em açaí, banana, morango, pipoca, pão de queijo e bolo. Como tem açaí, não precisamos de docinhos de festa. Ah! E não quero aqueles salgados de festa… acho muito gorduroso e servem frio. Queria servir o pão de queijo saído do forno.”
“Mãe, queria que alguma pessoa viesse organizar as brincadeiras para nós, mas queria combinar com ela antes quais. Queria alguém que deixasse tudo mais solto. Vejo que em alguns aniversários as recreadoras ficam dizendo “agora é hora de brincar disso, depois disso, depois disso” e muitas vezes a gente quer também só ficar mais soltas, conversar, inventar brincadeiras nossas.”
“Mãe, vou fazer uma playlist no Spotify com as músicas que gosto para colocar durante a festa.”
“Mãe, coloquei esta roupa só para arrumar a festa, mas estou me sentindo tão confortável com ela que vou ficar assim, daí posso brincar bastante.”
E, depois das festas:
“Mãe, só ganhei presentes que eram “a minha cara”. Minhas amigas acertaram tudo o que gosto, elas me conhecem muito bem. Vou fazer uma foto com cada presente e mandar para cada uma delas agradecendo.”
“Mãe, estas foram as melhores festas de aniversário que já tive. Obrigada!”