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Desde que iniciei a minha jornada que resultou no veganismo, tenho pesquisado muitas e muitas receitas. Nestas pesquisas, me deparo sempre com preparações com nomes de comidas que eu já consumia na época em que era onívora. A princípio estranhei não aprender receitas com nomes desconhecidos, já que eu estava explorando um mundo até então desconhecido. Mas depois de alguns meses sendo vegana, entendi a importância de seguir chamando as receitas da mesma forma que os onívoros.
Talvez quem não é vegano ou vegetariano nunca tenha parado para pensar que muitos de nós, que não consumimos alimentos de origem animal, sentimos falta de preparações que antes faziam parte do nosso dia a dia. Não é porque virei vegana que não sinto saudades de, por exemplo, comer torta de limão, pegar uma colherada de doce de leite na geladeira, consumir brigadeiro numa festa de aniversário… e por isso, quando faço estas preparações na versão vegana, estou buscando aquele sabor, antigo conhecido, ou aquele conforto.
Já ouvi várias vezes, ao oferecer a minha comida para alguém onívoro, a crítica de que eu deveria apresentar aquela preparação com outro nome, pois o sabor “não tem nada a ver com a versão onívora”, algo que considero lamentável, não só porque estou oferecendo algo que fiz com dedicação e carinho, mas também porque nunca tive a pretensão de produzir algo igual ao que consumia há anos ou o intuito de agradar quem segue consumindo preparações com ingredientes de origem animal.
Acredito que seja importante fortalecer a ideia de que veganos e vegetarianos não fizeram esta escolha porque não gostavam do que comiam quando eram onívoros. Fizemos esta escolha pelo meio ambiente ou pelos animais ou pela própria saúde ou por tudo isso junto. Tendo muito claro estas motivações, abrimos mão de consumir o que os onívoros consomem e certamente temos muitos momentos de nostalgia, de saudades de sabores que não fazem mais sentido seguirmos consumindo. A decisão de não consumir é consequência de algo maior, algo grandioso, difícil, por isso, seguiremos chamando as preparações da forma como acharmos mais adequado e com sentido para nós.
Agradeço imensamente a imagem de Lauris Rozentāls.