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Veganizando fora de casa

  • Fernanda Galvão
  • 25 de junho de 2023
Veganizando fora de casa

Quando me assumi vegetariana, há 6 anos, escrevi um texto relatando sobre a NÃO dificuldade em me alimentar fora de casa. O texto foi bem animador, estimulante, alegre e até meio romântico. 

 

Escrevi sobre este tema porque quando virei vegetariana, além de ter uma legião de pessoas preocupadas com meus estoques de ferro e vitamina B12, e outra legião preocupada com a formação dos meus músculos com a ausência da proteína animal, havia outra legião preocupada em como eu me viraria se fosse comer fora de casa. 

 

Saí para comer fora de casa, nas primeiras vezes, com este receio de não poder consumir mais nada, mas fui surpreendida com várias opções em todos os lugares por onde passei. As opções estavam todas ali, sempre estiveram… Eu é que nunca tinha notado. Foi como quando engravidei, que eu só enxergava grávidas ao meu redor. Por isso o texto saiu todo cor de rosa, com corações e unicórnios saltitantes, um pouco diferente deste que escreverei.

 

Quando fiz a transição para o veganismo, fui com o mesmo entusiasmo, nos mesmos lugares onde estava habituada a ir, mas não fui recebida com um cardápio que tivesse opções veganas.

 

Quando precisei perguntar, nestes diversos lugares, para a pessoa que estava atendendo, se havia alguma opção vegana que o pessoal da cozinha poderia preparar, escutei muitas vezes perguntas, ao invés de respostas. “O que é vegano?”, “Não pode nada de animal?”, “Nem manteiga?”, “Mas nem peixe?”. E depois de uma explicação detalhada minha sobre o que uma pessoa vegana não consome (o que não vejo problema algum em acontecer), vinha o mesmo tipo de proposta, que sinceramente acho muito indecente: “Ah! Tem salada! Podemos tirar a carne, o queijo, o molho e pronto”. Se fossem saladas como as que faço em casa e nas oficinas, não veria problema em aceitar, mas salada de alface, tomate e cenoura ralada de janta ou almoço, quando você se propõe a sair de casa pra comer algo diferente, é inaceitável.

 

Nesta hora, costumo abrir o cardápio para propor trocas e customizações dos pratos existentes, mas nem sempre o estabelecimento gosta deste perfil de cliente. O cardápio é feito para ser executado da forma como foi proposto. É sempre um momento de tensão propor, esperar que quem recebeu a proposta passe a mensagem na forma e tom certos, esperar que quem receba a mensagem a receba de forma tranquila e torcer para que eu escute um posicionamento positivo da cozinha. Não é fácil este processo todo!

 

Quando toda esta articulação dá certo, como minha comidinha feliz da vida, mas não me sinto à vontade, por exemplo, para criticar o prato, o que não aconteceria caso eu tivesse pedido um prato do cardápio (um direito básico do consumidor – ser crítico, com educação e respeito). A vegana já fez muito rebuliço. Imagina se ainda não aprovar o sabor ou a forma de preparação do prato estilo “patchwork”?

 

Quando percebo que estou com sorte, e que estou na TPM também, precisando de um docinho, me arrisco a ver as opções de sobremesa. E aproveito que já comi, e que tenho energia para mais um “round” com o estabelecimento, para descolar a sobremesa. “Estas sobremesas todas tem leite ou derivado, né?”. E escuto como resposta que sim, afinal de contas, como se faz uma sobremesa boa sem leite condensado, manteiga, doce de leite, chocolate ao leite ou creme de leite? “E, teria como adaptar alguma para versão vegana?”. E escuto que não, pois as sobremesas precisam destes ingredientes para serem sobremesas saborosas. E, no fim da conversa, recebo uma proposta, tão indecente quanto a do prato principal: “Temos frutas da estação!”.

 

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Este texto era pra terminar assim, mas, como sou muito otimista, vou fazer um final feliz para você terminar a leitura com esperança! Apesar de todo o meu relato, ainda tenho me aventurado a comer fora de casa! O que busco fazer é ir aos lugares leganos ou que oferecem opções veganas no cardápio. Tem um aplicativo muito legal que já indica estes locais: Happy cow. Depois de passar fome e me sentir excluída, dei um jeitinho de me precaver e está funcionando bem!

 

Em breve, farei um texto sobre ser vegana e comer na casa de amigos(as), parentes ou conhecidos(as).

 

Agradeço pela imagem da Pixabay, de Svklimkin.